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terça-feira, 31 de maio de 2011
ESTÁBULO-COCHEIRA-ESTREBARIA NO CASARÃO E MUSEU FRIEDRICH
ESTÁBULO – COCHEIRA – ESTREBARIA
NO CASARÃO E MUSEU FRIEDRICH
MEMÓRIAS DE OUTRORA, DOS MEUS TEMPOS DE GURI
ELAS NÃO VÃO EMBORA E OUTRAS ESTÃO POR VIR.
Por:
Odilo Antonio Friedrich
31-05-2011
Estrutura e usos do prédio
O “Casarão e Museu Friedrich”, situado na Estrada Germano Friedrich, Nº 55, no Bairro Guarani, em Novo Hamburgo-RS, apesar de sua localização urbana, exibe ainda, nitidamente, traços de sua origem rural-colonial.
Germano Fernando Friedrich, meu pai, contava que a Estrebaria (nome pelo qual, sempre foi conhecida), tinha sido construída por pedreiros e marceneiros de origem italiana. Pelos meus cálculos, isto deve ter ocorrido bem no princípio do século passado.
Ela mede 10,5m de frente, por 13,5m de lado. É toda construída de pedras grés, rejuntadas, apenas, com barro amassado. Não está rebocada, nem por dentro, nem por fora, o que lhe dá uma linda aparência de rusticidade. Confere-lhe, até, um certo ar de imponência, como se pode ver nas imagens.
A Estrebaria era, praticamente, o núcleo ou o centro de trabalho da propriedade. Ali, no lado leste, estavam as duas baias para a “junta de bois de serviço” e as dos “cavalos de montaria”, além das 4 baias para vacas, em ordenha. No lado oposto, oeste, o espaço se dividia em baias, para vacas em ordenha, e um espaço, equivalente a duas baias, para terneiros ainda não desmamados.
Naquela época, era costume deixar os animais na Estrebaria, durante a noite. Atualmente, com o advento da ordenha mecânica, e por questões sanitárias e de higiene, este sistema ficou abolido. As vacas dormem no curral.
Ao centro da Estrebaria, há um corredor amplo, de 4 m de largura, no sentido sul-norte, 54 m2, que servia para guardar forragens:- ração, mandioca, farelos, aveia e azevem, verdes, além de palhas de coqueiro, cana de açúcar, sorgo forrageiro e milho debulhado. Tudo, usado em maiores quantidades durante o inverno, quando se tornava escassa a pastagem no campo. O feno, de pendões e de palha de milho, assim como, o milho em espiga, ainda por descascar e debulhar, eram armazenados no sótão para seu uso,na época chuvosa do inverno.Este amplo corredor servia, tanto para trabalhos, como, descascar e debulhar milho, fazer balaios, cozinhar “lavagem” para os porcos, bem como, para guardar as cangas, os arreios, as correntes e cordas, as ferramentas e instrumentos de trabalho, como arados, foices, pás, enxadas, carrinho de mão, etc.
Como as rações, a base grãos, atraiam muitos ratos, era na Estrebaria que se mantinham os gatos... Ali eram tratados com leite e restos de comida e ali se reproduziam. Raramente, algum vinha até a cozinha...
Atualmente, serve como abrigo noturno, espontaneamente escolhido pelos pavões, galinhas de angola e pombas, que estão soltos, no pátio.
AMPLIAÇÃO
Mais recentemente, agregou-se um “puxado”, no lado leste da estrebaria, medindo 7 m de largura por 13,5m de comprimento. Dêste, a metade é destinada ao galinheiro e a outra, abriga a esterqueira e um cocho, cavado em madeira de lei, para servir de comedouro, para alimentar o gado nos dias de chuva...Os demais cochos , também, são feitos de troncos de árvores cavadas a enxó, em forma de semi-cilindro.
ENTORNO DA ESTREBARIA
Ao lado norte e o leste, situam-se a mangueira ou curral, o brete de contenção e o embarcadouro, para facilitar o manejo do gado:- atualmente, são 6 fêmeas, um touro e um jumento... Estes pastam numa área de 3,5 hectares.
Em torno do açude, a 30 m, encerram-se, cerca de 30 gansos, meia dezena de marrecos, alguns patos, além das aves de passagem:- maçanicos, biguás, garças, bicudos, etc.
De vez em quando, aparece um casal de chimangos gigantes, o qual ainda não encontrou o local apropriado para reproduzir-se, aqui.
Do lado de fora da Estrebaria, encontrava-se descansando, o tanque, esculpido em pedra grés, medindo 1 metro cúbico. Meu pai afirmava que teria sido usado para salgar carne. Talvez, para fazer charque. Cabe toda a carne de um boi. Este tanque está, hoje, colocado à direita, do lado de fora da porta sul.
PRINCIPAIS PERSONAGENS E ATORES DESSA UNIDADE RURAL
Conhecer os aspectos materiais, arquitetônicos e a utilização da Estrebaria, cocheira ou estábulo, é, sem dúvida, muito importante, para a preservação da memória do prédio e do lugar.
Entretanto, mais significativo, é saber um pouco mais sobre as pessoas que ali laboravam e a motivação de sua laboriosidade. Poderei contar, apenas, o que eu vivenciei, desde minha infância e o que aprendi com meu pai, com minha mãe, com minha Avó Elizabeth e do meu tio e padrinho Carlos. Evidentemente, no princípio, todos tinham que trabalhar forte: -No início, meu Avô Anton, a Avó Elizabeth, e um sobrinho da minha avó, de nome Frederico Fix. Depois, vieram os filhos, Luis, Germano e Carlos e uma parenta, adotada pela avó, chamada Augusta Strauss. Esta nós a chamávamos, só de “Lála”. Sempre que posso, expresso minha gratidão à minha Avó Elizabeth e, também, à Lála, pois, ambas tomaram conta de mim, até meus 10 anos de idade. Meu padrinho Carlos, também, sempre foi muito protetor comigo.
Desde quando me entendo, o Tio Luis Friedrich, já morava no Casarão, porém, sei que ele, ao casar-se com a Tia Frida, foi morar e trabalhar em Santa Maria da Boca do Monte. Ao regressar, passou a trabalhar independente da família.
O “velho” Fix, montara um apiário, em torno de 70 caixas Schenck, e fabricava vassouras, o que ocupava todo seu tempo. Porém, como era solteirão, não se separou da família. O Tio Carlos, meu padrinho, solteiro e muito apegado à sua mãe, minha avó, ficou morando no Casarão. Era ele quem cuidava dos bois de serviço, das carretas, do preparo da terra e dos demais serviços, além de seu cavalo de estimação... Uma pessoa muito especial, também, nesta história foi o Antenor Jaeger, sobrinho de minha mãe. O Antenor ou “Noro”, veio para o Casarão, lá pelo final dos anos 30, trazido pelo meu pai. Em sua infância ele havia adquirido poliomielite que danificou uma de suas pernas. Entretanto, mesmo “aleijado”, ele fazia todos os trabalhos. O primo Antenor ajudou muito à família durante o resto de sua vida. Chegou com 36 anos de idade e faleceu aos 75.
Todos trabalhavam nas lavouras e na lida com as vacas e os animais:- gado, porcos, aves ,abelhas, gansos,etc. Dizia-se que o leite, embora seu preço não remunerasse o trabalho que exigia, era um produto que “pingava um dinheirinho todos os dias”... Servia para comprar as coisas que não se produziam. Além disso, ainda hoje, o leite e seus derivados, a carne de porco, a banha e a carne de gado, produzidos em casa, assim como, o feijão, o aipim, a batata doce e a outra, o milho (farinha), constituem a porção fundamental da dieta das famílias rurais.
A FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO E NA FORMAÇÃO DO CARÁTER
Eu nasci em 14/07/1927, o Niveo, em 24/09/1929 e o Jaime (falecido) em 16/02/1936. A infância e a adolescência as passamos no convívio com essas pessoas maravilhosas. Elas nos ensinaram um mundo de coisas e “forjaram” grande parte dos nossos valores de nossas personalidades e nossas normas de conduta. A honradez, o valor do trabalho, a poupança, o amor à natureza, e, principalmente, a importância do estudo. Eram estes, os valores mais exaltados. Ainda hoje me recordo dos conselhos da minha avó, da minha mãe, da Lála, do meu pai e do padrinho..Em geral seus ensinamentos eram passados através de ditos ou ditados populares,que eles aprenderam na vida. Excelente pedagogia!
O ENSINO FORMAL
Aos meus 7 anos, chegara o momento de ir para a “escola”. Frequentei o Colégio São Jacó, desde o curso primário até completar o ginasial. Daí, transferi-me para o Colégio Anchieta, em Porto Alegre, onde estudei de 1944 até 1947. Em 22 de dezembro de 1952, formei-me Eng. Agrônomo, pela URGS.
MÃE CECÍLIA
Mas, eu queria falar-lhes um pouco sobre nossa Mãe Cecília (de Odilo, Niveo e Jaime), pois, ela tem muito a ver com a Estrebaria. O pai, Germano, casou-se aos 39 anos, com Cecília Frederica Jaeger, que tinha apenas 20 anos de idade, oriunda de Porto Palmeira, Sapiranga-RS. No início nem a cozinha era em separado. Minha mãe incorporou-se direto ao trabalho. Todos trabalhando e usufruindo, em conjunto, dos parcos resultados.
Desejo referir que minha Mãe Cecília contribuiu, enormemente, para minha formação, principalmente, nos anos de São Jacó. Era, quase exclusivamente, com o dinheiro auferido com a venda do leite, que, nós levávamos todos os dias para o distribuidor, na Vila Nova e, depois, no Centro, que pagávamos nossos estudos. A mãe ordenhava, a mão, de 7 a 9 vacas, pela manhã e à tardinha. Não é exagero dizer que a mãe trabalhava desde as 5 horas da madrugada, até as 9 horas da noite, enquanto sua coluna o permitiu.
Pela manhã depois da ordenha tinha que aprontar o café e as merendas para podermos ir ao Colégio. Para tanto, enquanto minha Avó Elizabeth encilhava minha petiça, minha mãe encilhava a do meu irmão Niveo. Ela cozinhava, lavava e passava a roupa de toda a família, em geral, pela manhã. À tarde, ia cultivar a horta e cortar aveia ou azevém (fazer pasto), para depois, tratar e ordenhar as vacas.
Possuo uma fotografia da minha mãe, vindo da estrebaria para casa, com um balde de leite, e, provavelmente, ainda, de pés descalços, aos 63 anos de idade...
Ao finalizar o dia, se tomava algumas “cuias de chimarrão”, com toda a família reunida. Enquanto isto, o aipim ia fritando, lentamente, na frigideira com banha, e o restante da comida ia esquentando, em cima do fogão... À época, se usava almoçar, tomar café da tarde e jantar.
É por tudo isto que eu afirmo que a Estrebaria tem muito que ver com minha Mãe Cecília.
CECÍLIA- MÃE E AVÓ ABNEGADA, ZELOSA E DEDICADA
Outra faceta emocionante da Mãe Cecília, era sua dedicação aos filhos e netos. Aos domingos, ela se esmerava fazendo massa em casa e matando um, ou, dois frangos para fazer uma panelada de sopa, muito apreciada pelas crianças e pelos adultos, também... Além da sopa, sempre havia a galinha ensopada, com a massa e batatas cozidas, além das saladas e das sobremesas feitas com frutos da época, ou, de suas conservas.
Juntando-se as famílias do Niveo, com a minha, mais as três ou quatro pessoas da casa, e, os ”agregados”, perfazíamos um total de, não menos de 18 a 20 comensais...Ver a mesa cheia parecia dar-lhe muita satisfação. Em geral ela não sentava à mesa conosco, ficava servindo. Mãe é mãe e avó é avó...
FINALIZANDO
Tanto o pai, quanto a mãe, não pouparam conselhos, nem esforços, para que os filhos pudessem estudar... Para que não tivessem que “passar tanto trabalho como eles..”
Acho que seus sacrifícios não foram em vão. Eles puderam acompanhar, orgulhosos, as caminhadas dos filhos, às vezes inseguras e incertas, mas, nunca desviadas dos princípios e valores éticos e morais que eles nos legaram e que nossas respectivas profissões nos fizeram jurar.
Creio que esta singela monografia demonstra o quanto estamos impregnados de lembranças, de normas e valores culturais, que se instalam sem a gente sentir, mas, que nos acompanham por toda a vida.
Foi um privilégio para mim, ter vivenciado todos os momentos de minha infância e adolescência, mesmo após já ter família, junto com essas pessoas maravilhosas, em contato com a natureza e com o trabalho na terra. Hoje, sinto muito orgulho de ter nascido nessa família de Colonos. De ter levado leite ao Centro, na garupa do cavalo, passando pelas ruas principais da cidade. Naquela época, havia um certo preconceito em relação as atividades agrícolas. Achávamos que não era “chic,” ser leiteiro. Aos 15 anos a gente se sentia “inferiorizado” para namorar com as gurias da cidade...parecia que não “combinava” conversar com elas, de cima do cavalo...
Privilégio, ainda maior, é poder relatar a vocês, um pouco dos meus sentimentos, em relação a este fragmento da minha história de vida.
OBRIGADO, MEU DEUS, PELOS PRIVILÉGIOS E TUDO O MAIS QUE ME CONCEDESTE !
segunda-feira, 30 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
domingo, 22 de maio de 2011
sábado, 21 de maio de 2011
PINHEIRO MULTISSECULAR, LINHA IMPERIAL, NOVA PETRÓPOLIS-RS
O PINHEIRO MULTISSECULAR
Ontem tive o privilégio de conhecer um Pinheiro-brasileiro (Araucária angustifólia) multissecular, localizado em Linha Imperial, Nova Petrópolis-RS. É a primeira vez que, com meus quase 84 anos, me vi diante de um ser vivo, com a idade de mil anos, ou mais, conforme dizem.
A sensação é inexplicável!
Outra satisfação foi ver que o tal gigante não está sozinho. Ao seu redor acham-se, felizmente, muitos netos, bisnetos, tataranetos e familiares seus, além de, muitas árvores amigas e companheiras.
Por enquanto, toda essa multidão de seres vegetais e de animais, como gralhas, tucanos e demais habitantes da floresta o protegem.
Inclusive o Homem.
Vejamos o que está inscrito no quadro de identificação:
“Este bravo pinheiro recebeu os imigrantes de braços abertos e permanecerá no futuro abençoando seus descendentes”
Na mesma placa se lê uma frase de E. Aguirre:
“Uma arvore cresce na medidas dos sonhos de seus pássaros. Não a destrua. Estes sonhos a merecem”
Mais emocionante, no entanto, é aproximar-se dessa imensa árvore, saudá-la, mirá-la e admirá-la, abraçar seu corpo, e sentir seu cheiro e seu pulsar de natureza.
Depois, humildemente, afastar-se para deixar impregnar-se da grandeza e generosidade dessa natureza, da qual também participamos.
Ao pé da imponente árvore , o então Prefeito Ewaldo Michaelsen, de Nova Petrópolis, colocou uma placa de bronze, por ocasião da Festa Anual das Árvores em 27 de setembro de 1982 , declarando o Pinheiro “imune ao corte”
No mesmo bronze inscreve-se uma mensagem que eu, sem nenhum temor ao ridículo ou pieguice, chamo de oração à natureza.
Diz a mensagem:
Como sentinela, por mais de 500 anos, nos contemplas.
Por séculos, simbolizas nosso sul.
Em louvor ao Pai, estendes teus ramos aos céus.
Em atos de perdão aos homens, ofereces os frutos teus.
Agora, ó araucária, aqui estamos, diante da mãe terra, para agradecer-te e jurar:
“HONRAREMOS NOSSA ESPÉCIE, DEFENDENDO A TUA E PROTEGENDO O NOSSO CHÃO”.
Foi, para mim, uma visita gratificante e emocionante, como agrônomo, como amante da historia, da cultura e da natureza, riquezas que necessitam ser preservadas a todo custo, se, de fato, estivermos comprometidos com o juramento acima.
Odilo Antonio Friedrich
Novo Hamburgo, 22 de Maio de 2011
quinta-feira, 19 de maio de 2011
MANDIOCA, RESGATANDO TECNOLOGIAS TRADICIONAIS DE CULTIVO DA MANDIOCA, FABRICAÇÃO DE FARINHA, APROVEITAMENTO DO POLVILHO
Mandioca- definição
A mandioca é uma planta originária da América do Sul, provavelmente, do Brasil ou do Peru. Seu nome botânico é “Manihot esculenta Crantz”, da família “euphorbiaceae”. É conhecida, popularmente, como macaxeira, ou, aipim. As raízes são a parte mais valiosa da planta, pois, nelas é que se acumula o amido/fécula, um alimento altamente rico em carboidratos, vitaminas e sais minerais. O amido encerrado na mandioca ralada, é o principal ingrediente, que, “assado” no tacho do forno, se transforma em farinha.
A farinha de mandioca ainda constitui parte importante da alimentação de milhões de brasileiros.
PRINCIPAIS MOMENTOS DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA FARINHA DE MANDIOCA, CONFORME ERA REALIZADO, PRESUMIVELMENTE, NA ATAFONA DO “CASARÃO E MUSEU FRIEDRICH”, EM NOVO HAMBURGO-RS.
1º MOMENTO:
Evidentemente, o primeiro passo ou momento, é o plantio das mudas ou “manivas”. Estas, se retiram das ramas ou caules do mandiocal do ano anterior. Com uma faca apropriada, cortam-se os caules ou ramas em toletes ou troços, de mais ou menos 15 cm de comprimento, contendo de 8 a 12 “olhos”, dos quais se originam os brotos, para formar a nova planta.
As manivas são plantadas em covas , feitas à enxada, ou em “regos/sulcos” rasgados com arado sulcador, puxado, em geral, por um cavalo ou burro. As covas mantém uma distancia de 1m por 1m. Os regos se fazem a, mais ou menos, 1m um do outro e as manivas são colocadas também a 1m uma da outra, dentro do rego. As manivas são cobertas com terra.
Com este espaçamento, cabem 10.000 plantas por hectare. Considerando-se, uma produção média de 2 kg por planta, teríamos uma produção de 20.000 kg por hectare.
O plantio da mandioca faz-se, geralmente, durante os meses de julho, agosto e setembro, de acordo com o clima.
A cultura da mandioca não tolera a concorrência das ervas daninhas, daí, porque, necessita de uma ou duas capinas até a colheita. Esta, começa no mês de maio, podendo prolongar-se até agosto ou setembro. Se for necessário, pode-se deixar as plantas com as raízes, na terra, por mais um ano. Um mandiocal de dois anos pode produzir, até o dobro da quantidade que seria colhida no primeiro ano. Um mandiocal de dois anos também necessita capinas, porém, evita o trabalho e os custos de um novo plantio.
2º MOMENTO:
Trata da colheita e transporte das raízes até a atafona, ou, fábrica artesanal de farinha. As raízes, são arrancadas, manualmente, que puxando lenta, mas, fortemente, o pé de mandioca pelo caule ou rama, tendo o cuidado de não quebrar as raízes dentro da terra. Em seguida separam-se as raízes das ramas, recolhendo-as em um balaio. Cada balaio cheio, pesa em torno de 40 ou 50 kg. Por esta razão e para acelerar o trabalho de colheita diário, são necessários, pelo menos, dois trabalhadores. Para um só, o trabalho tornar-se-ia muito penoso. Pois,é preciso levantar os 50 kg para cima da carreta. Uma carreta cheia era, em geral, a quantidade possível de ser beneficiada por dia.
A carreta de 4 rodas, carregada com 800 a 1000 kg de raízes devia ser tracionada por uma, ou, até duas juntas de bois, já que a época da “farinhada” é no inverno e os caminhos eram bem rudimentares, ou, nem os havia, das roças até a atafona.
3º MOMENTO:
Como terceiro momento poderia citar-se a descarga da carreta e a transferência das raízes até o ralador ou “cevador”. Em geral, este trabalho era feito, ainda no mesmo dia, para que no dia seguinte se pudesse iniciar o trabalho bem cedo, de madrugada, às 4 ou 5 horas da manhã...
4º MOMENTO:
Este 4º momento pode subdividir-se em dois sub-momentos: “raspar a mandioca“ e “ralar a mandioca”. Funcionava assim:- para “raspar” ou “rapar” as raízes de mandioca eram necessárias, pelo menos, duas pessoas. A primeira tomava a raiz por uma das extremidades raspando, com uma faca, a pele mais fina, cor de terra, da outra metade da raiz. Um vez raspada essa metade, alcançava a raiz para o/a companheiro/a , que, com as mãos limpas, agarrava a metade já raspada e, da mesma forma, limpava a outra metade. Cortava, também, a parte dura do começo da raiz, por ser muito fibrosa.
Em seguida, as raízes eram lavadas e passadas pelo ralador, cujo nome distintivo é “cevador”. As raízes raladas se convertem numa massa , que cai numa caixa coletora situada debaixo do cevador. Em geral, a caixa possui 4 rodinhas para movê-la para fora, tal qual um carrinho, ou “trolley”
O trabalho de ralar ou cevar a mandioca é, sem dúvida, o que exige, ou, exigia maior intensidade de força.
O Sr. Georg Michael Renck ao construir a casa e a atafona não pensava utilizar trabalho humano, nem de brancos nem de escravos, para tocar o engenho ralador/cevador. Como aquí no plano, não existe a facilidade para instalar uma roda d´água, optou-se pela tração animal. Portanto, a roda mestra era acionada por um ou dois bois, devidamente atrelados/encangados e “antolhados”, com tapa olhos. Estes andavam em círculo, girando a roda ou engrenagem mestra, que, a través do “mastro” transferia a força para o equipamento do cevador
O cevador consta de uma roda de mais ou menos 1m de diâmetro, coberta de serrinhas transversais. Em uma das extremidades do seu eixo existe uma engrenagem de ferro, de pequeno diâmetro, que, ao ser acionada por outra engrenagem maior imprime no cevador a velocidade requerida para ralar rápida e eficazmente as raízes introduzidas pela boca do ralador/cevador.
5º MOMENTO:
A massa de mandioca ralada é transferida, com baldes, ao “caixão da massa”. No caso da atafona do Casarão e Museu Friedrich, trata-se de um “cocho”, cavado num tronco de madeira de lei, de aproximadamente 1m de diâmetro por 4m de comprimento. Deixava-se a massa escorrer o excesso de água, através de orifícios do fundo do cocho, durante uma ou duas horas. Essa água era recolhida em outros recipientes (em geral cochos confeccionados de tábuas, denominados “cochos de polvilho” já que a água da massa carrega muito amido/fécula/polvilho. Este vai se depositando, por decantação, no fundo. O excesso de água se perde, pois, não pode ser utilizada, a não ser para colocá-la em formigueiros, com o propósito de matá-los. Seu teor de ácido cianídrico é muito alto e venenoso para humanos e animais.
NOTA:- Ao final deste documento, retornarei sobre o processamento do polvilho.
6º MOMENTO:
Uma vez decantada e já bem mais desidratada, a massa é levada para a “prensa.” A prensa é construída com madeira de lei (angico), com o formato de uma letra “h”, porém, com duas travessas horizontais. Na de cima existe um robusto parafuso de ferro que se aciona mediante um sistema de catraca e alavanca. Demanda muita força, na medida em que vai prensando a massa.
A massa de mandioca é trazida e colocada na prensa, em camadas, envoltas ou intermediadas por “esteiras.” Estas eram confeccionadas, artesanalmente, com as tiras de fibra, retiradas da “barriga” das palhas de coqueiro jerivá. Normalmente, se depositavam 4 a 5 camadas de massa por prensada.
A prensagem tem que deixar a massa desidratada, ao ponto em que se desmanche ao pressioná-la com as mãos.
7º momento:
Tendo em vista que a massa prensada sai da prensa em forma de tijolos, ou, de pães, é necessário esfarelá-la. para isto utiliza-se um “moinho esfarelador,” colocado sobre o próprio “caixão da massa” e acionado manualmente.
8º momento
O processo de transformar a mandioca em farinha, está chegando ao fim. É chegado o momento de colocar a massa bem esfarelada, no forno, ou seja, no “tacho” quente, a uma temperatura de mais ou menos 450 graus centígrados.
Para melhor entendimento, montou-se uma maquete de forno, em tamanho natural. Basicamente, constitui-se de um tacho de ferro em forma de semi-cilindro, aquecido à lenha. A massa deve ser colocada no tacho, sempre na mesma quantidade, de acordo com o tamanho do tacho e a intensidade do fogo/calor, o que é feito com a ajuda de uma “medida”, especialmente fabricada com esse fim.
Evidentemente, a massa não pode ser despejada na chapa quente, sem mexê-la, constante e ininterruptamente. Para isto existe um mexedor ou revolvedor. Nessa atafona, de nossa referência, o mexedor é feito de pás com “vassoura de piaçava” na extremidade, que varrem o fundo do tacho. As pás ou paletas movem-se em forma helicoidal, em torno de um eixo horizontal.
O eixo do mexedor era acionado por um sistema engenhoso de rodas com engrenagens, movido por uma roda/pinhão de mais ou menos 2,5m de diâmetro, acionada por um burro. O uso de burro, em vez de bois, tem sua razão. O burro, uma vez com os “antolhos” ou tapa olhos colocados, acostuma-se e é do seu temperamento, iniciar a caminhada e mantê-la constante e regular por longo espaço de tempo, evitando que o mexedor pare, ou, mude de ritmo. Isto evita que a massa ou a farinha se “torre” ou “queime,” ficando pegada no fundo do tacho. Além de se perder uma tachada de farinha, se os grânulos queimados/pretos, não forem completamente retirados e o tacho, novamente habilitado, limpo e liso, para receber nova carga de massa, esses grânulos pretos poderão “contaminar” as porções, ou, fornadas subseqüentes. Isto implicaria em desvalorização do produto para a comercialização. A farinha tem que ser totalmente branca, ou, “tostada”, se assim for o requisito estabelecido pelo comprador.
OBSERVAÇÃO ADICIONAL:- De acordo com o Sr. Ernesto Biehl, ex-funcionário da Secretaria da Agricultura do RS e um estudioso da cultura da mandioca e da produção de farinha de mandioca, esta é superior à farinha de trigo, em valor nutritivo. Ele explicava, também, que a mistura de farinha de mandioca com a de trigo, intentada no passado, não foi bem sucedida devido à não observância do tempo de fermentação, que é diferente para os dois tipos de amido. É preciso fermentá-las em separado. O Sr. Biehl dizia, também, que, a farinha de mandioca, feita corretamente, se assemelhava ao pão, ou, melhor dito, já era o próprio pão.
A massa, ao ser depositada no tacho do forno, na temperatura Ideal, o grão de amido da mandioca é ”escaldado” e “assado”, pronto para comer... igual ao pão.
A pós escaldada, cozida, assada, ou, tostada, como se queira, a farinha é conduzida pelas próprias paletas ou pazinhas, para uma caixa coletora de onde depois de fria, é retirada e ensacada em sacos de algodão alvejado. Cada saco deve pesar 50,5 kg, de acordo com a norma usual.
No caso não comercializar a farinha, de imediato, como acontecia na maioria dos casos, a mesma era depositada na “tulha.” Esta consta de uma peça de madeira, totalmente fechada e forrada, para evitar a entrada de ratos e outros animais, além da poluição externa.
Este processo assim descrito, se perpetuou, desde o início da produção de farinha, pelo Sr. Georg Michael Renck, o ilustre construtor da casa e da atafona, até o ano de 1918, quando meu pai, Germano Fernando Friedrich, decidiu com a família, não mais continuar fabricando farinha. Por várias razões, sua fabricação havia se tornado anti-econômica, mas, principalmente, por se tratar de uma atividade, eminentemente familiar, não comportando mão de obra contratada e remunerada
Nota Especial:- irei referir-me, brevemente, sobre o aproveitamento do polvilho ou amido da mandioca.
Já se disse que a água da massa da mandioca ralada, depositada no cocho da massa é decantada, levando consigo muito amido/polvilho/fécula. Se esta água não for recolhida em recipientes adequados o amido se perde. No entanto, se existir mão de obra e cochos de madeira condizentes, a água é recolhida e o amido vai se depositando no fundo. Ao cabo de dois ou três dias a água é trocada, o polvilho é revolvido deixando-se escorrer novamente a sujeira. Assim se procede sistematicamente, até que o produto depositado esteja bem branco. É claro que serão necessários de dois a três cochos, para que se possa realizar um trabalho de qualidade e obter um polvilho puro, sem impurezas.
A água da prensa é adicionada à da massa, na medida em que for recolhida, porquanto, contem tanto, ou mais, amido do que a água da massa recém ralada.
Após conseguir uma camada de amido limpo e de consistência dura, procede-se à sua retirada dos cochos, aos pedaços, mediante o uso de uma faca. Daí se deverá expô-lo ao sol, até que esteja bem seco. Depois, usam-se peneiras de tela para esfarelar/destorroar os blocos secos, uniformizando o produto. Guarda-se em ambiente seco.
A MODO DE CONCLUSÃO
Com esta dissertação darei por encerrada minhas explicações elementares sobre o cultivo da mandioca, a fabricação de farinha de mandioca e o aproveitamento do amido ou polvilho. Minhas interpretações e assertivas baseiam-se na tradição oral que apreendi com meu pai, Germano. Ele tinha sido ator no processo, durante vários anos e tinha boa memória para relatar episódios passados. De minha própria experiência, durante três “farinhadas” na atafona da Fazenda Leão, em Sapiranga/RS, de 1953 à 1955, retirei muitos dos conhecimentos aqui expressos, permitindo desenhar um quadro bastante próximo da realidade de então.
Espero que este meu trabalho possa contribuir para um melhor entendimento do que é, e de como era o trabalho e a vida de nossos antepassados naquelas épocas, já longínquas...(aproximadamente, entre 1850 e 1918). Espero, também ter contribuído para o resgate e preservação de uma tecnologia (patrimônio imaterial), hoje em dia obsoleta, porém, seguramente, requintada para sua época, no Rio Grande do Sul, Brasil.
Elaborado em 20/04/2011
Odilo Antonio Friedrich
Casarão e Museu Friedrich
Estrada Germano Friedrich, nº 55
CEP- 93352-010
www.museufriedrich.com.br
Novo Hamburgo-RS
A mandioca é uma planta originária da América do Sul, provavelmente, do Brasil ou do Peru. Seu nome botânico é “Manihot esculenta Crantz”, da família “euphorbiaceae”. É conhecida, popularmente, como macaxeira, ou, aipim. As raízes são a parte mais valiosa da planta, pois, nelas é que se acumula o amido/fécula, um alimento altamente rico em carboidratos, vitaminas e sais minerais. O amido encerrado na mandioca ralada, é o principal ingrediente, que, “assado” no tacho do forno, se transforma em farinha.
A farinha de mandioca ainda constitui parte importante da alimentação de milhões de brasileiros.
PRINCIPAIS MOMENTOS DO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DA FARINHA DE MANDIOCA, CONFORME ERA REALIZADO, PRESUMIVELMENTE, NA ATAFONA DO “CASARÃO E MUSEU FRIEDRICH”, EM NOVO HAMBURGO-RS.
1º MOMENTO:
Evidentemente, o primeiro passo ou momento, é o plantio das mudas ou “manivas”. Estas, se retiram das ramas ou caules do mandiocal do ano anterior. Com uma faca apropriada, cortam-se os caules ou ramas em toletes ou troços, de mais ou menos 15 cm de comprimento, contendo de 8 a 12 “olhos”, dos quais se originam os brotos, para formar a nova planta.
As manivas são plantadas em covas , feitas à enxada, ou em “regos/sulcos” rasgados com arado sulcador, puxado, em geral, por um cavalo ou burro. As covas mantém uma distancia de 1m por 1m. Os regos se fazem a, mais ou menos, 1m um do outro e as manivas são colocadas também a 1m uma da outra, dentro do rego. As manivas são cobertas com terra.
Com este espaçamento, cabem 10.000 plantas por hectare. Considerando-se, uma produção média de 2 kg por planta, teríamos uma produção de 20.000 kg por hectare.
O plantio da mandioca faz-se, geralmente, durante os meses de julho, agosto e setembro, de acordo com o clima.
A cultura da mandioca não tolera a concorrência das ervas daninhas, daí, porque, necessita de uma ou duas capinas até a colheita. Esta, começa no mês de maio, podendo prolongar-se até agosto ou setembro. Se for necessário, pode-se deixar as plantas com as raízes, na terra, por mais um ano. Um mandiocal de dois anos pode produzir, até o dobro da quantidade que seria colhida no primeiro ano. Um mandiocal de dois anos também necessita capinas, porém, evita o trabalho e os custos de um novo plantio.
2º MOMENTO:
Trata da colheita e transporte das raízes até a atafona, ou, fábrica artesanal de farinha. As raízes, são arrancadas, manualmente, que puxando lenta, mas, fortemente, o pé de mandioca pelo caule ou rama, tendo o cuidado de não quebrar as raízes dentro da terra. Em seguida separam-se as raízes das ramas, recolhendo-as em um balaio. Cada balaio cheio, pesa em torno de 40 ou 50 kg. Por esta razão e para acelerar o trabalho de colheita diário, são necessários, pelo menos, dois trabalhadores. Para um só, o trabalho tornar-se-ia muito penoso. Pois,é preciso levantar os 50 kg para cima da carreta. Uma carreta cheia era, em geral, a quantidade possível de ser beneficiada por dia.
A carreta de 4 rodas, carregada com 800 a 1000 kg de raízes devia ser tracionada por uma, ou, até duas juntas de bois, já que a época da “farinhada” é no inverno e os caminhos eram bem rudimentares, ou, nem os havia, das roças até a atafona.
3º MOMENTO:
Como terceiro momento poderia citar-se a descarga da carreta e a transferência das raízes até o ralador ou “cevador”. Em geral, este trabalho era feito, ainda no mesmo dia, para que no dia seguinte se pudesse iniciar o trabalho bem cedo, de madrugada, às 4 ou 5 horas da manhã...
4º MOMENTO:
Este 4º momento pode subdividir-se em dois sub-momentos: “raspar a mandioca“ e “ralar a mandioca”. Funcionava assim:- para “raspar” ou “rapar” as raízes de mandioca eram necessárias, pelo menos, duas pessoas. A primeira tomava a raiz por uma das extremidades raspando, com uma faca, a pele mais fina, cor de terra, da outra metade da raiz. Um vez raspada essa metade, alcançava a raiz para o/a companheiro/a , que, com as mãos limpas, agarrava a metade já raspada e, da mesma forma, limpava a outra metade. Cortava, também, a parte dura do começo da raiz, por ser muito fibrosa.
Em seguida, as raízes eram lavadas e passadas pelo ralador, cujo nome distintivo é “cevador”. As raízes raladas se convertem numa massa , que cai numa caixa coletora situada debaixo do cevador. Em geral, a caixa possui 4 rodinhas para movê-la para fora, tal qual um carrinho, ou “trolley”
O trabalho de ralar ou cevar a mandioca é, sem dúvida, o que exige, ou, exigia maior intensidade de força.
O Sr. Georg Michael Renck ao construir a casa e a atafona não pensava utilizar trabalho humano, nem de brancos nem de escravos, para tocar o engenho ralador/cevador. Como aquí no plano, não existe a facilidade para instalar uma roda d´água, optou-se pela tração animal. Portanto, a roda mestra era acionada por um ou dois bois, devidamente atrelados/encangados e “antolhados”, com tapa olhos. Estes andavam em círculo, girando a roda ou engrenagem mestra, que, a través do “mastro” transferia a força para o equipamento do cevador
O cevador consta de uma roda de mais ou menos 1m de diâmetro, coberta de serrinhas transversais. Em uma das extremidades do seu eixo existe uma engrenagem de ferro, de pequeno diâmetro, que, ao ser acionada por outra engrenagem maior imprime no cevador a velocidade requerida para ralar rápida e eficazmente as raízes introduzidas pela boca do ralador/cevador.
5º MOMENTO:
A massa de mandioca ralada é transferida, com baldes, ao “caixão da massa”. No caso da atafona do Casarão e Museu Friedrich, trata-se de um “cocho”, cavado num tronco de madeira de lei, de aproximadamente 1m de diâmetro por 4m de comprimento. Deixava-se a massa escorrer o excesso de água, através de orifícios do fundo do cocho, durante uma ou duas horas. Essa água era recolhida em outros recipientes (em geral cochos confeccionados de tábuas, denominados “cochos de polvilho” já que a água da massa carrega muito amido/fécula/polvilho. Este vai se depositando, por decantação, no fundo. O excesso de água se perde, pois, não pode ser utilizada, a não ser para colocá-la em formigueiros, com o propósito de matá-los. Seu teor de ácido cianídrico é muito alto e venenoso para humanos e animais.
NOTA:- Ao final deste documento, retornarei sobre o processamento do polvilho.
6º MOMENTO:
Uma vez decantada e já bem mais desidratada, a massa é levada para a “prensa.” A prensa é construída com madeira de lei (angico), com o formato de uma letra “h”, porém, com duas travessas horizontais. Na de cima existe um robusto parafuso de ferro que se aciona mediante um sistema de catraca e alavanca. Demanda muita força, na medida em que vai prensando a massa.
A massa de mandioca é trazida e colocada na prensa, em camadas, envoltas ou intermediadas por “esteiras.” Estas eram confeccionadas, artesanalmente, com as tiras de fibra, retiradas da “barriga” das palhas de coqueiro jerivá. Normalmente, se depositavam 4 a 5 camadas de massa por prensada.
A prensagem tem que deixar a massa desidratada, ao ponto em que se desmanche ao pressioná-la com as mãos.
7º momento:
Tendo em vista que a massa prensada sai da prensa em forma de tijolos, ou, de pães, é necessário esfarelá-la. para isto utiliza-se um “moinho esfarelador,” colocado sobre o próprio “caixão da massa” e acionado manualmente.
8º momento
O processo de transformar a mandioca em farinha, está chegando ao fim. É chegado o momento de colocar a massa bem esfarelada, no forno, ou seja, no “tacho” quente, a uma temperatura de mais ou menos 450 graus centígrados.
Para melhor entendimento, montou-se uma maquete de forno, em tamanho natural. Basicamente, constitui-se de um tacho de ferro em forma de semi-cilindro, aquecido à lenha. A massa deve ser colocada no tacho, sempre na mesma quantidade, de acordo com o tamanho do tacho e a intensidade do fogo/calor, o que é feito com a ajuda de uma “medida”, especialmente fabricada com esse fim.
Evidentemente, a massa não pode ser despejada na chapa quente, sem mexê-la, constante e ininterruptamente. Para isto existe um mexedor ou revolvedor. Nessa atafona, de nossa referência, o mexedor é feito de pás com “vassoura de piaçava” na extremidade, que varrem o fundo do tacho. As pás ou paletas movem-se em forma helicoidal, em torno de um eixo horizontal.
O eixo do mexedor era acionado por um sistema engenhoso de rodas com engrenagens, movido por uma roda/pinhão de mais ou menos 2,5m de diâmetro, acionada por um burro. O uso de burro, em vez de bois, tem sua razão. O burro, uma vez com os “antolhos” ou tapa olhos colocados, acostuma-se e é do seu temperamento, iniciar a caminhada e mantê-la constante e regular por longo espaço de tempo, evitando que o mexedor pare, ou, mude de ritmo. Isto evita que a massa ou a farinha se “torre” ou “queime,” ficando pegada no fundo do tacho. Além de se perder uma tachada de farinha, se os grânulos queimados/pretos, não forem completamente retirados e o tacho, novamente habilitado, limpo e liso, para receber nova carga de massa, esses grânulos pretos poderão “contaminar” as porções, ou, fornadas subseqüentes. Isto implicaria em desvalorização do produto para a comercialização. A farinha tem que ser totalmente branca, ou, “tostada”, se assim for o requisito estabelecido pelo comprador.
OBSERVAÇÃO ADICIONAL:- De acordo com o Sr. Ernesto Biehl, ex-funcionário da Secretaria da Agricultura do RS e um estudioso da cultura da mandioca e da produção de farinha de mandioca, esta é superior à farinha de trigo, em valor nutritivo. Ele explicava, também, que a mistura de farinha de mandioca com a de trigo, intentada no passado, não foi bem sucedida devido à não observância do tempo de fermentação, que é diferente para os dois tipos de amido. É preciso fermentá-las em separado. O Sr. Biehl dizia, também, que, a farinha de mandioca, feita corretamente, se assemelhava ao pão, ou, melhor dito, já era o próprio pão.
A massa, ao ser depositada no tacho do forno, na temperatura Ideal, o grão de amido da mandioca é ”escaldado” e “assado”, pronto para comer... igual ao pão.
A pós escaldada, cozida, assada, ou, tostada, como se queira, a farinha é conduzida pelas próprias paletas ou pazinhas, para uma caixa coletora de onde depois de fria, é retirada e ensacada em sacos de algodão alvejado. Cada saco deve pesar 50,5 kg, de acordo com a norma usual.
No caso não comercializar a farinha, de imediato, como acontecia na maioria dos casos, a mesma era depositada na “tulha.” Esta consta de uma peça de madeira, totalmente fechada e forrada, para evitar a entrada de ratos e outros animais, além da poluição externa.
Este processo assim descrito, se perpetuou, desde o início da produção de farinha, pelo Sr. Georg Michael Renck, o ilustre construtor da casa e da atafona, até o ano de 1918, quando meu pai, Germano Fernando Friedrich, decidiu com a família, não mais continuar fabricando farinha. Por várias razões, sua fabricação havia se tornado anti-econômica, mas, principalmente, por se tratar de uma atividade, eminentemente familiar, não comportando mão de obra contratada e remunerada
Nota Especial:- irei referir-me, brevemente, sobre o aproveitamento do polvilho ou amido da mandioca.
Já se disse que a água da massa da mandioca ralada, depositada no cocho da massa é decantada, levando consigo muito amido/polvilho/fécula. Se esta água não for recolhida em recipientes adequados o amido se perde. No entanto, se existir mão de obra e cochos de madeira condizentes, a água é recolhida e o amido vai se depositando no fundo. Ao cabo de dois ou três dias a água é trocada, o polvilho é revolvido deixando-se escorrer novamente a sujeira. Assim se procede sistematicamente, até que o produto depositado esteja bem branco. É claro que serão necessários de dois a três cochos, para que se possa realizar um trabalho de qualidade e obter um polvilho puro, sem impurezas.
A água da prensa é adicionada à da massa, na medida em que for recolhida, porquanto, contem tanto, ou mais, amido do que a água da massa recém ralada.
Após conseguir uma camada de amido limpo e de consistência dura, procede-se à sua retirada dos cochos, aos pedaços, mediante o uso de uma faca. Daí se deverá expô-lo ao sol, até que esteja bem seco. Depois, usam-se peneiras de tela para esfarelar/destorroar os blocos secos, uniformizando o produto. Guarda-se em ambiente seco.
A MODO DE CONCLUSÃO
Com esta dissertação darei por encerrada minhas explicações elementares sobre o cultivo da mandioca, a fabricação de farinha de mandioca e o aproveitamento do amido ou polvilho. Minhas interpretações e assertivas baseiam-se na tradição oral que apreendi com meu pai, Germano. Ele tinha sido ator no processo, durante vários anos e tinha boa memória para relatar episódios passados. De minha própria experiência, durante três “farinhadas” na atafona da Fazenda Leão, em Sapiranga/RS, de 1953 à 1955, retirei muitos dos conhecimentos aqui expressos, permitindo desenhar um quadro bastante próximo da realidade de então.
Espero que este meu trabalho possa contribuir para um melhor entendimento do que é, e de como era o trabalho e a vida de nossos antepassados naquelas épocas, já longínquas...(aproximadamente, entre 1850 e 1918). Espero, também ter contribuído para o resgate e preservação de uma tecnologia (patrimônio imaterial), hoje em dia obsoleta, porém, seguramente, requintada para sua época, no Rio Grande do Sul, Brasil.
Elaborado em 20/04/2011
Odilo Antonio Friedrich
Casarão e Museu Friedrich
Estrada Germano Friedrich, nº 55
CEP- 93352-010
www.museufriedrich.com.br
Novo Hamburgo-RS
CASARÃO E MUSEU FRIEDRICH-1845
CASARÃO E MUSEU
FRIEDRICH
Patrimônio Histórico e Ambiental
Preservando a Memória da Vida Colonial
ORIGEM
Fazem mais de 150 anos que tudo começou aqui.
Lá pelo ano de 1845, o imigrante alemão George Michael Renck mandou construir, nesta Colônia de nº 30, “ao pé da serra”, sua casa de moradia,“assobradada” . Ao mesmo tempo, edificou o prédio da Atafona, destinada a beneficiar sua produção de mandioca, em farinha e polvilho.
Georg M. Renck possuía, até, um logotipo (G M R), vazado em uma folha de zinco, exposta no Museu, para marcar os sacos brancos de farinha.
A farinha era destinada, basicamente, ao mercado externo, mais rentável e com forte demanda nos países vizinhos, do Rio da Prata, bem como, no nordeste brasileiro. As perspectivas favoráveis da época, talvez, tenham sido boas razões, para construir esta casa senhorial e a “robusta” Atafona.
Ao agregar valor ao seu produto, estava aumentando a renda da propriedade e assegurando saldar seus compromissos em dia. Sempre afirmamos que o Sr. Renck era um homem muito inteligente, pois, só recentemente, os técnicos estão falando em “valor agregado”, estimulando as agroindústrias, principalmente, as familiares e as de grupos de pequenos produtores rurais. Parece ter-se tornado norma, o que Renck já sabia.
NOVOS PROPRIETÁRIOS : - FAMÍLIA FRIEDRICH
Já havia, pois, um bom começo, quando Johann Saenger, casado com Maria Magdalena Friedrich , comprou a Colônia, lá pelos anos de 1878. Após dez anos de casados, Johann veio a falecer, deixando a viúva, com 5 filhos menores. Sozinha, tornava-se muito difícil ou, quase impossível, para ela, sobreviver da agricultura. Entretanto, como se sabe, os laços de solidariedade e irmandade eram muito valorizados nas famílias de imigrantes. Logo encontraram a solução: o casal Anton e Elizabeth Friedrich que vivia no Travessão dos Dois Irmãos, prontificou-se a permutar sua área do Travessão, pela Colônia Nº 30. De acordo com as escrituras, lavradas em fevereiro de 1887. A transação custou a Anton e Elizabeth, a soma de $ 5:000 (cinco contos de reis).
A família Friedrich, como seus antecessores, praticava uma agricultura de subsistência. Além disto, plantava mandioca e produzia farinha e polvilho. A Vó Elizabeth contava que fora muito duro, no princípio, subsistir e produzir excedentes para vender e assim pagar as dívidas.
Em 1918, a família decidiu desativar a Atafona de farinha, porque a mesma se tornara antieconômica. O maquinário, movido à tração animal (bois e burros), já desgastado, se tornara obsoleto.
RESTAURAÇÃO E REFORMAS
Desde então, a Atafona, encontrava-se abandonada, deteriorando-se, dia após dia. De um lado, pela ação do tempo, a falta de manutenção, a subtração de peças, e, por outro, a ação implacável dos cupins.
Depois de a Família ter doado dois hectares de terra para a construção do “Hospital Operário”, hoje, municipalizado, além de um hectare para os edifícios que lhe ficam em frente, vendeu uma área de 15 há ao IAPI, para a construção da “Vila Operária”. Os três irmãos (Luis, Germano e Carlos) dividiram o dinheiro e as terras restantes, no sentido N/S, de travessão a travessão. Tocou a Germano o quinhão do meio, com a infra- estrutura: casarão, atafona, estábulo, etc.
Só então, com o resultado da venda, Germano conseguiu fazer uma reforma/restauração nas edificações e no entorno do Casarão. Isto foi em 1945/46.
Como o pai Germano nasceu no ano de aquisição da propriedade (1887), ele conhecia tudo a respeito, facilitando, assim, a restauração.
SEGUNDA RESTAURAÇÃO
Depois dessa reforma/restauração, outra vez as edificações e benfeitorias sofreram a ação do tempo e da insuficiente conservação, pois, Germano falecera em 1971, diminuindo, assim, os cuidados necessários à preservação do patrimônio. Por acordo entre Odilo e Níveo, filhos de Germano e Cecília, tocou ao primeiro, suceder aos pais e avós na posse do patrimônio, com suas benfeitorias. Esta infra-estrutura está situada, hoje, sobre uma área de 6,5 há de terras.
A restauração do Casarão e dos prédios, foi a tarefa primeira da qual tivemos que preocupar-nos, logo que nos mudamos de Brasília, para cá, em 1985.
O conserto e a restauração das edificações exigiram um considerável esforço, tempo e custo, pois, além de reformar, desde o telhado, até o assoalho, foi preciso instalar novos equipamentos que tornassem o Casarão mais condizente com uma moradia dos tempos atuais, sem descaracterizar sua origem rural.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DO MUNICÍPIO
Enquanto isso, nos empenhávamos, junto ao poder público do município, para credenciar o Casarão, as demais benfeitorias e o ambiente rural, como patrimônio histórico e cultural. O título foi concedido, em 15 de março de 2001. A área ocupada com os prédios foi isentada do pagamento do IPTU. Entenda-se bem, somente os prédios.
Posteriormente, em 2008, a isenção foi estendida, também, à área excedente, ou seja, ao total de 6,5 há, considerada como indispensável para proporcionar ao patrimônio a ambientação da qual necessita, para guardar sua identidade e a origem colonial.
Essa nova situação permitiu repensar o destino a ser dado a um patrimônio de inquestionável significado histórico, cultural e ambiental.
Sem uma legislação favorável teria sido impossível mantê-lo, preservá-lo e disponibilizá-lo à comunidade.
O MUSEU
Como a propriedade já não oferece possibilidade de gerar nenhuma renda do tipo agropecuário, devido às condições de sua localização urbana, à falta de mão de obra qualificada, à insuficiência de área economicamente viável e várias outras, optou-se, pois, por restaurar e re-montar a Atafona, cujas peças achavam-se espalhadas dentro e fora do recinto.
Ao mesmo tempo, fomos reavivando outros objetos, equipamentos e instrumentos de trabalho e de uso geral, que integram o acervo remanescente das varias gerações que por aqui passaram.
A idéia de formar um Museu, embora tenha sido um projeto acalentado por muito anos, foi-se concretizando, mais rapidamente, após contar com o apoio direto da companheira Anelise Kunrath, bem como, de uma equipe de marceneiros e de outros profissionais e amigos, no ano de 2009.
Entretanto, desejávamos um Museu dinâmico, vivo, e que fosse ao mesmo tempo didático. Um acervo que facultasse e motivasse pensar, refletir e entender como eram a vida e o trabalho duro, nos tempos idos, de nossos antepassados.
Além disso, o Museu devia ser um lugar aprazível, onde se pudesse ver, além do acervo, pedagogicamente disposto, reminiscências agro-pastoris ( plantas e animais de várias espécies) e plantações demonstrativas, tudo inserido em um ambiente ecologicamente correto.
Queríamos oferecer um cenário que significasse e proporcionasse, durante sua visita, constantes momentos pedagógicos, de reflexão, tanto para crianças e adolescentes, como para adultos.
HOMENAGEM E AGRADECIMENTOS
Ao finalizar, desejamos agradecer, de coração, a todas as pessoas que sempre nos estimularam e continuam a valorizar o nosso trabalho. Aos que direta ou indiretamente, colaboraram, para tornar realidade este projeto. Seguramente, as gerações futuras, também lhes agradecerão.
Propositalmente, estamos “inaugurando” o museu, neste dia 22 de novembro, como uma homenagem, ainda que pequena, a Germano Fernando Friedrich, pai de Odilo, Níveo e Jaime, pois, esta é a data do seu nascimento. Louvor e agradecimento, por tudo o que ele fez e nos ensinou, através, de cada gesto, de cada palavra, ou, de um simples olhar.
MUITO OBRIGADO A TODOS ! ! !
Novo Hamburgo, 22 de novembro de 2009
Estrada Germano Friedrich, nº 55
Bairro Guarani
CEP-93357-010
Novo Hamburgo, RS
www.museufriedrich.com.br
FRIEDRICH
Patrimônio Histórico e Ambiental
Preservando a Memória da Vida Colonial
ORIGEM
Fazem mais de 150 anos que tudo começou aqui.
Lá pelo ano de 1845, o imigrante alemão George Michael Renck mandou construir, nesta Colônia de nº 30, “ao pé da serra”, sua casa de moradia,“assobradada” . Ao mesmo tempo, edificou o prédio da Atafona, destinada a beneficiar sua produção de mandioca, em farinha e polvilho.
Georg M. Renck possuía, até, um logotipo (G M R), vazado em uma folha de zinco, exposta no Museu, para marcar os sacos brancos de farinha.
A farinha era destinada, basicamente, ao mercado externo, mais rentável e com forte demanda nos países vizinhos, do Rio da Prata, bem como, no nordeste brasileiro. As perspectivas favoráveis da época, talvez, tenham sido boas razões, para construir esta casa senhorial e a “robusta” Atafona.
Ao agregar valor ao seu produto, estava aumentando a renda da propriedade e assegurando saldar seus compromissos em dia. Sempre afirmamos que o Sr. Renck era um homem muito inteligente, pois, só recentemente, os técnicos estão falando em “valor agregado”, estimulando as agroindústrias, principalmente, as familiares e as de grupos de pequenos produtores rurais. Parece ter-se tornado norma, o que Renck já sabia.
NOVOS PROPRIETÁRIOS : - FAMÍLIA FRIEDRICH
Já havia, pois, um bom começo, quando Johann Saenger, casado com Maria Magdalena Friedrich , comprou a Colônia, lá pelos anos de 1878. Após dez anos de casados, Johann veio a falecer, deixando a viúva, com 5 filhos menores. Sozinha, tornava-se muito difícil ou, quase impossível, para ela, sobreviver da agricultura. Entretanto, como se sabe, os laços de solidariedade e irmandade eram muito valorizados nas famílias de imigrantes. Logo encontraram a solução: o casal Anton e Elizabeth Friedrich que vivia no Travessão dos Dois Irmãos, prontificou-se a permutar sua área do Travessão, pela Colônia Nº 30. De acordo com as escrituras, lavradas em fevereiro de 1887. A transação custou a Anton e Elizabeth, a soma de $ 5:000 (cinco contos de reis).
A família Friedrich, como seus antecessores, praticava uma agricultura de subsistência. Além disto, plantava mandioca e produzia farinha e polvilho. A Vó Elizabeth contava que fora muito duro, no princípio, subsistir e produzir excedentes para vender e assim pagar as dívidas.
Em 1918, a família decidiu desativar a Atafona de farinha, porque a mesma se tornara antieconômica. O maquinário, movido à tração animal (bois e burros), já desgastado, se tornara obsoleto.
RESTAURAÇÃO E REFORMAS
Desde então, a Atafona, encontrava-se abandonada, deteriorando-se, dia após dia. De um lado, pela ação do tempo, a falta de manutenção, a subtração de peças, e, por outro, a ação implacável dos cupins.
Depois de a Família ter doado dois hectares de terra para a construção do “Hospital Operário”, hoje, municipalizado, além de um hectare para os edifícios que lhe ficam em frente, vendeu uma área de 15 há ao IAPI, para a construção da “Vila Operária”. Os três irmãos (Luis, Germano e Carlos) dividiram o dinheiro e as terras restantes, no sentido N/S, de travessão a travessão. Tocou a Germano o quinhão do meio, com a infra- estrutura: casarão, atafona, estábulo, etc.
Só então, com o resultado da venda, Germano conseguiu fazer uma reforma/restauração nas edificações e no entorno do Casarão. Isto foi em 1945/46.
Como o pai Germano nasceu no ano de aquisição da propriedade (1887), ele conhecia tudo a respeito, facilitando, assim, a restauração.
SEGUNDA RESTAURAÇÃO
Depois dessa reforma/restauração, outra vez as edificações e benfeitorias sofreram a ação do tempo e da insuficiente conservação, pois, Germano falecera em 1971, diminuindo, assim, os cuidados necessários à preservação do patrimônio. Por acordo entre Odilo e Níveo, filhos de Germano e Cecília, tocou ao primeiro, suceder aos pais e avós na posse do patrimônio, com suas benfeitorias. Esta infra-estrutura está situada, hoje, sobre uma área de 6,5 há de terras.
A restauração do Casarão e dos prédios, foi a tarefa primeira da qual tivemos que preocupar-nos, logo que nos mudamos de Brasília, para cá, em 1985.
O conserto e a restauração das edificações exigiram um considerável esforço, tempo e custo, pois, além de reformar, desde o telhado, até o assoalho, foi preciso instalar novos equipamentos que tornassem o Casarão mais condizente com uma moradia dos tempos atuais, sem descaracterizar sua origem rural.
PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DO MUNICÍPIO
Enquanto isso, nos empenhávamos, junto ao poder público do município, para credenciar o Casarão, as demais benfeitorias e o ambiente rural, como patrimônio histórico e cultural. O título foi concedido, em 15 de março de 2001. A área ocupada com os prédios foi isentada do pagamento do IPTU. Entenda-se bem, somente os prédios.
Posteriormente, em 2008, a isenção foi estendida, também, à área excedente, ou seja, ao total de 6,5 há, considerada como indispensável para proporcionar ao patrimônio a ambientação da qual necessita, para guardar sua identidade e a origem colonial.
Essa nova situação permitiu repensar o destino a ser dado a um patrimônio de inquestionável significado histórico, cultural e ambiental.
Sem uma legislação favorável teria sido impossível mantê-lo, preservá-lo e disponibilizá-lo à comunidade.
O MUSEU
Como a propriedade já não oferece possibilidade de gerar nenhuma renda do tipo agropecuário, devido às condições de sua localização urbana, à falta de mão de obra qualificada, à insuficiência de área economicamente viável e várias outras, optou-se, pois, por restaurar e re-montar a Atafona, cujas peças achavam-se espalhadas dentro e fora do recinto.
Ao mesmo tempo, fomos reavivando outros objetos, equipamentos e instrumentos de trabalho e de uso geral, que integram o acervo remanescente das varias gerações que por aqui passaram.
A idéia de formar um Museu, embora tenha sido um projeto acalentado por muito anos, foi-se concretizando, mais rapidamente, após contar com o apoio direto da companheira Anelise Kunrath, bem como, de uma equipe de marceneiros e de outros profissionais e amigos, no ano de 2009.
Entretanto, desejávamos um Museu dinâmico, vivo, e que fosse ao mesmo tempo didático. Um acervo que facultasse e motivasse pensar, refletir e entender como eram a vida e o trabalho duro, nos tempos idos, de nossos antepassados.
Além disso, o Museu devia ser um lugar aprazível, onde se pudesse ver, além do acervo, pedagogicamente disposto, reminiscências agro-pastoris ( plantas e animais de várias espécies) e plantações demonstrativas, tudo inserido em um ambiente ecologicamente correto.
Queríamos oferecer um cenário que significasse e proporcionasse, durante sua visita, constantes momentos pedagógicos, de reflexão, tanto para crianças e adolescentes, como para adultos.
HOMENAGEM E AGRADECIMENTOS
Ao finalizar, desejamos agradecer, de coração, a todas as pessoas que sempre nos estimularam e continuam a valorizar o nosso trabalho. Aos que direta ou indiretamente, colaboraram, para tornar realidade este projeto. Seguramente, as gerações futuras, também lhes agradecerão.
Propositalmente, estamos “inaugurando” o museu, neste dia 22 de novembro, como uma homenagem, ainda que pequena, a Germano Fernando Friedrich, pai de Odilo, Níveo e Jaime, pois, esta é a data do seu nascimento. Louvor e agradecimento, por tudo o que ele fez e nos ensinou, através, de cada gesto, de cada palavra, ou, de um simples olhar.
MUITO OBRIGADO A TODOS ! ! !
Novo Hamburgo, 22 de novembro de 2009
Estrada Germano Friedrich, nº 55
Bairro Guarani
CEP-93357-010
Novo Hamburgo, RS
www.museufriedrich.com.br
UMA HOMENAGEM AOS IMIGRANTES ALEMÃES
UMA HOMENAGEM AOS IMIGRANTES ALEMÃES
Eles aqui chegaram a partir de 25/07/1824, amparados, principalmente, em seus princípios e valores culturais impregnados de Fé Cristã, convictos da importância da Família e do poder transformador do Trabalho. Tiveram que vencer inúmeras dificuldades para dominar o ambiente bravio, afim de, adequá-lo ao processo de produção agrícola, que permitisse sua subsistência. Homenageamos, pois, sua bravura, sua vontade de vencer, e capacidade de trabalho, bem como, expressar nossa gratidão, por sua inestimável contribuição ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul.
Coragem, tenacidade e persistência não lhes faltaram para enfrentar o seu desafio maior de construir, aqui, uma Nova Pátria, para si e seus descendentes.
Odilo antonio Friedrich
Eles aqui chegaram a partir de 25/07/1824, amparados, principalmente, em seus princípios e valores culturais impregnados de Fé Cristã, convictos da importância da Família e do poder transformador do Trabalho. Tiveram que vencer inúmeras dificuldades para dominar o ambiente bravio, afim de, adequá-lo ao processo de produção agrícola, que permitisse sua subsistência. Homenageamos, pois, sua bravura, sua vontade de vencer, e capacidade de trabalho, bem como, expressar nossa gratidão, por sua inestimável contribuição ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul.
Coragem, tenacidade e persistência não lhes faltaram para enfrentar o seu desafio maior de construir, aqui, uma Nova Pátria, para si e seus descendentes.
Odilo antonio Friedrich
quarta-feira, 18 de maio de 2011
ABERTURA OFICIAL DA 3ªSEMANA DE MUSEUS DE SÃO LEOPOLDO, 19705/2011
domingo, 15 de maio de 2011
CONVERSA COM SOLANGE MARIA HAMESTER JOHANN, SANTA MARIA DO HERVAL-RS
ESTIVEMOS NA 14ªKARTOFFELFEST E CONHECEMOS A PROFESSORA SOLANGE MARIA HAMESTER JOHANN DO PROJETO www.hunsrik.org O HUNSRIK DA AMÉRICA LATINA É UMA LÍNGUA GERMÂNICA COMO QUALQUER OUTRA, COMO POR EXEMPLO INGLÊS, O HOLANDÊS OU O DINAMARQUÊS.(TEXTO DO LIVRO MAYN ËYERSTE 100 HUNSRIK WËRTER-MINHAS PRIMEIRAS PALAVRAS EM HUNSRIK, DANIEL RAY ALLEN, MABEL DEWES, E SOLANGE MARIA HAMESTER JOHANN, MARTINS LIVREIRO).
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HUNSRIK NA AMÉRICA LATINA
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